Modo IA do Google: o fim dos cliques e o início de uma nova era para mídia, marketing e e-commerce

modo-IA-google

A inteligência artificial está deixando de ser uma tendência para se tornar o novo padrão. E, como em toda grande revolução tecnológica, a transição parece acontecer devagar — até que, de repente, tudo muda de uma só vez. É exatamente isso que está acontecendo com a chegada do Modo IA do Google, lançado oficialmente nos Estados Unidos.

Essa nova experiência de busca transforma completamente a forma como os usuários interagem com a internet. Em vez de apresentar uma lista de links, o Google agora fornece respostas conversacionais geradas por IA, atuando como um verdadeiro assistente digital. Buscar uma passagem aérea, encontrar um restaurante próximo ou preparar um e-mail se torna uma tarefa realizada dentro do próprio buscador, sem precisar sair da plataforma.

Uma mudança de paradigma

O Modo IA marca a transição da busca tradicional para uma interação direta e personalizada. Mais do que uma ferramenta de pesquisa, o Google passa a funcionar como um agente ativo, capaz de compreender o contexto do usuário, executar tarefas e até concluir compras online — tudo sem que ele saia da página inicial.

Esse avanço representa um impacto profundo para toda a cadeia digital: da mídia jornalística às estratégias de SEO, passando pelo marketing digital e o e-commerce.

Por ora, o Modo IA ainda é opcional. Ele aparece como um botão adicional na interface de resultados e ainda não substitui a barra de busca tradicional no Chrome. No entanto, a direção está clara: a era da navegação por links está com os dias contados — e o novo campo de batalha será a atenção dentro dos resumos gerados por IA.

O fim do clique como conhecemos?

A grande questão para criadores de conteúdo, profissionais de mídia e publicitários é: como sobreviver em um ambiente onde o clique se torna obsoleto?

Os resumos de IA sintetizam informações de diversas fontes e oferecem uma resposta única e direta. Isso reduz drasticamente o espaço de visibilidade para sites e veículos que antes conseguiam atrair o usuário com títulos chamativos ou informações diferenciadas.

Um estudo recente da Adobe aponta que os acessos a sites sugeridos por IAs generativas cresceram mais de 1.200% entre julho de 2024 e fevereiro de 2025. E outro dado surpreendente: 17% dos usuários já confiam mais nas respostas da IA do que nas buscas tradicionais.

Isso revela um novo comportamento: os usuários estão mais dispostos a confiar no «resumo da IA» do que em clicar e navegar por múltiplas páginas. O risco? Um nivelamento por baixo do conhecimento, onde apenas as informações mais comuns — e não necessariamente as melhores — sobrevivem.

O desafio para marcas e criadores

Nesse novo cenário, os veículos de mídia e as marcas precisarão se reinventar. Produzir conteúdo relevante já não basta. Será necessário:

  • Ter uma voz autêntica e reconhecível;

  • Dominar formatos multimodais (texto, vídeo, áudio e imagem);

  • Entender como «alimentar» os sistemas de IA com dados otimizados;

  • Investir em branding e autoridade fora dos mecanismos de busca.

Ou seja, a disputa não será apenas pelo clique, mas pela menção, pela síntese, pela citação no resumo da IA.

É uma batalha invisível, mas decisiva: estar entre as fontes consideradas confiáveis o suficiente para alimentar a resposta automática do Google.

Modo IA x Modo tradicional

O conteúdo que se destaca nesse novo ambiente será aquele que equilibra dois pilares: conformidade com o mainstream (para ser captado pela IA) e originalidade com profundidade (para atrair e reter leitores humanos). Essa será a chave para sobreviver ao que muitos já chamam de «era pós-link».

A grande ironia é que a IA oferece praticidade ao usuário, mas impõe complexidade estratégica aos produtores de conteúdo. É o fim do SEO como conhecíamos e o nascimento de uma nova lógica de distribuição digital.

O futuro começa agora

O Modo IA ainda está em fase inicial, mas a direção é clara. Em breve, ele será parte nativa da navegação, integrando-se aos aplicativos, ao Chrome, ao Google Maps e até ao YouTube. As marcas que esperarem demais correm o risco de se tornarem invisíveis.

Portanto, a pergunta não é se a mídia e o marketing vão se adaptar ao Modo IA, mas como e quando. Aqueles que souberem jogar com as novas regras — e talvez até reescrevê-las — terão vantagem competitiva num ambiente digital cada vez mais automatizado, sintético e dominado por algoritmos.

Que comecem os jogos.