Samsung consolida liderança no Brasil, Motorola se mantém forte e Apple perde espaço em cenário competitivo

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O mercado brasileiro de smartphones iniciou o ano de 2025 com um desempenho positivo, contrariando a tendência de retração observada em outros países da América Latina. Segundo relatório recente da Canalys, o Brasil foi o único mercado latino-americano a apresentar crescimento no primeiro trimestre, com uma alta de 3% nas vendas em relação ao mesmo período de 2024.

No total, foram embarcadas aproximadamente 9,5 milhões de unidades no período, o que reforça o posicionamento estratégico do país como principal hub de investimento para fabricantes globais, especialmente as marcas chinesas, que intensificaram suas operações e campanhas no território nacional.


Samsung amplia vantagem e reafirma liderança

A Samsung segue na liderança absoluta do mercado brasileiro, com 43% de participação nas vendas de smartphones. A fabricante sul-coreana consolidou seu domínio com uma estratégia diversificada que contempla desde modelos de entrada até dispositivos premium da linha Galaxy S e Z.

Essa amplitude de portfólio tem se mostrado uma vantagem competitiva relevante, permitindo à marca capturar diferentes perfis de consumidores. Além disso, a Samsung vem se destacando por sua presença forte no varejo físico, parcerias com operadoras e iniciativas promocionais em datas-chave como Black Friday e Volta às Aulas.

Especialistas também apontam que o crescimento da Samsung se sustenta no fortalecimento do ecossistema Galaxy — com integração entre smartphones, smartwatches, fones de ouvido e tablets — além do suporte técnico eficiente e ampla cobertura de assistência.


Motorola mantém segundo lugar com base sólida

A Motorola, tradicionalmente forte no mercado brasileiro, manteve a vice-liderança com 23% de market share, demonstrando resiliência e consistência estratégica. A empresa, que faz parte do grupo Lenovo, vem investindo em modelos de bom custo-benefício, como as linhas Moto G e Moto Edge, além de trabalhar com uma rede de distribuição bem estruturada nas principais capitais brasileiras.

O desempenho estável da marca também pode ser atribuído à sua aceitação nas classes C e D, além do trabalho de fidelização com usuários que buscam celulares robustos, com desempenho intermediário e durabilidade acima da média.

Além disso, a Motorola tem mantido presença ativa em campanhas digitais e promoções em marketplaces, fortalecendo sua imagem junto ao consumidor final.


Xiaomi cresce na América Latina, mas enfrenta desafios no Brasil

Embora a Xiaomi tenha liderado os mercados da Colômbia e do Peru no mesmo trimestre, sua performance no Brasil foi suficiente apenas para garantir a terceira colocação, com 15% de participação de mercado.

A marca chinesa continua a expandir sua base de fãs brasileiros, especialmente entre consumidores mais jovens e entusiastas de tecnologia. Seus modelos da linha Redmi e Poco apresentam boa relação custo-benefício e especificações competitivas.

Contudo, analistas de mercado apontam que barreiras regulatórias, dificuldades logísticas e concorrência com marcas locais e sul-coreanas ainda limitam a escalada da Xiaomi no Brasil. O canal de vendas ainda é altamente dependente do e-commerce, e sua presença física nas lojas de varejo ainda é inferior à de concorrentes tradicionais.


Realme surpreende e ultrapassa Apple no Brasil

Um dos fatos mais notáveis do relatório da Canalys é a ascensão da realme, que superou a Apple e assumiu a quarta posição no mercado brasileiro com 7% de participação. Trata-se de um avanço expressivo para uma marca que entrou no Brasil recentemente e que tem conquistado o público com smartphones acessíveis e visual arrojado, especialmente nas linhas Narzo e C Series.

A realme tem adotado uma estratégia agressiva de preços, aliada à presença em plataformas de e-commerce e parcerias pontuais com grandes varejistas. Sua comunicação jovem e foco em design moderno também contribuíram para esse crescimento.

A expectativa é que, com o lançamento de novos modelos 5G e a expansão da presença física, a marca continue avançando no share brasileiro, podendo se consolidar como uma das protagonistas no segmento intermediário.


Apple perde espaço: alta nos preços e posicionamento premium impactam desempenho

A Apple, por sua vez, caiu para a quinta posição, com apenas 5% de market share no país. A retração da empresa norte-americana pode ser atribuída a múltiplos fatores, entre eles o aumento dos preços dos modelos da linha iPhone em meio à alta do dólar, que afetou a competitividade da marca no mercado brasileiro.

Além disso, o posicionamento claramente premium da Apple, somado à ausência de modelos de entrada ou intermediários, limita sua penetração em um mercado majoritariamente sensível ao preço. O custo elevado dos aparelhos, aliado à limitação de canais oficiais de revenda e assistência técnica fora dos grandes centros, contribui para a perda de tração.

Embora mantenha uma base fiel de usuários no Brasil, a Apple tem enfrentado dificuldades para atrair novos consumidores, principalmente fora das classes A e B.


Brasil como epicentro latino-americano para investimentos

Um dado relevante apontado no estudo da Canalys é que o Brasil se consolidou como o principal mercado latino-americano para investimentos em smartphones, com marcas chinesas como Xiaomi, realme e Honor priorizando o país em suas estratégias regionais.

A combinação de tamanho populacional, penetração digital, crescimento do e-commerce e demanda por tecnologia acessível tornam o Brasil um mercado-chave para a indústria global de smartphones.

Além disso, a recuperação econômica gradual, o aumento do crédito ao consumidor e a consolidação de canais de venda online contribuem para um ambiente mais favorável à competitividade e à diversificação da oferta.


Expectativas para os próximos trimestres

A tendência é que a concorrência continue acirrada, com as marcas investindo em diferenciação de portfólio, integração com serviços digitais e campanhas de fidelização. A chegada de novos modelos com inteligência artificial embarcada, recursos de segurança avançados e câmeras de altíssima resolução deve atrair consumidores mais exigentes nos próximos trimestres.

Adicionalmente, espera-se que parcerias com operadoras, programas de financiamento e planos de assinatura de aparelhos se tornem ferramentas cada vez mais utilizadas para ampliar o acesso da população a smartphones mais modernos.


Conclusão

O cenário brasileiro de smartphones em 2025 reflete um mercado dinâmico, competitivo e em transformação. Samsung e Motorola reafirmam sua liderança histórica, enquanto marcas emergentes como realme e Xiaomi ganham espaço e desafiam os modelos estabelecidos. A queda da Apple, embora simbólica, revela um reposicionamento do consumidor brasileiro, mais atento a preço, performance e inovação acessível.

No centro desse ecossistema está o Brasil — um mercado-chave na América Latina e palco estratégico para os próximos movimentos da indústria global de tecnologia móvel.